02 mar Vida com diabetes
Vida com Diabetes
Por Julia de Castro Motta Figueiredo
Trazendo alguns dados estatísticos sobre a prevalência do diabetes e que nos mostra a necessidade de abordarmos cada vez mais sobre essa condição que atinge 1 em cada 11 adultos entre 20 e 79 anos tem diabetes, ou seja, 463 milhões de pessoas em todo mundo tem Diabetes e 10% do gasto mundial relacionado a saúde é gasto com diabetes. 1.1 milhão crianças e jovens com menos de 20 anos de idade tem diabetes tipo 1 no mundo tem Diabetes.
O Diagnóstico de uma condição crônica como o diabetes provoca uma série de emoções e sentimentos que fazem parte de um processo que chamamos de LUTO.
Luto que envolve perda de uma condição de saúde, perda de uma rotina de vida, provoca incertezas, inseguranças, diante do desconhecido e dos medos. 5 fases fazem parte do processo do luto: negação, raiva, barganha, fase depressiva, aceitação.
Entender e se acolher é o primeiro passo para buscar o caminho do empoderamento e aceitação.
Diabetes é um diagnóstico familiar e com isso precisamos entender como as questões familiares podem interferir no autocuidado do Diabetes de um membro. A Família como um sistema pode se ver muito angustiada diante do diagnóstico.
Muitas mudanças acorrem, podendo trazer à tona algumas questões familiares após o diagnostico. É bem descrito na literatura que comportamentos específicos e mudanças no estilo de vida necessárias para o autocuidado do diabetes não afetam apenas os próprios pacientes com DM1, mas também seus familiares. As tarefas necessárias para manter as metas glicêmicas podem entrar em conflito com a rotina familiar pré-estabelecida . A necessidade de desenvolver novos hábitos alimentares, afastar-se do trabalho para acompanhar familiares nas consultas médicas, redefinir as finanças familiares e muitas outras mudanças podem ser estressantes e serem fontes geradoras de conflitos familiares.
Como parte de um sistema, o indivíduo é parte em interação relacional, e a escuta familiar se faz essencial no contexto do Diabetes. É preciso avaliar o impacto que o diagnóstico provocou em toda a família. Muitas vezes o que não é um problema para o cliente, é para a família e isso irá repercutir na forma com essa família vai enfrentar o diagnóstico.
O Diabetes é uma condição rodeada de mitos, e muitas pessoas tem uma reação negativa por trazer concepções anteriores do que é viver com Diabetes. A família também carrega seus conhecimentos sobre Diabetes, vindos de experiências de conhecidos, amigos e etc.
O Diabetes representa uma experiência única para cada indivíduo que convive com ele. Por isso, entender o que o indivíduo está vivenciado naquele momento da vida com Diabetes é tão importante.
Normalizar os sentimentos do cliente em relação ao viver com diabetes, respeitar qualquer fonte de sofrimento, legitimar e não julgar é parte do trabalho. Há um enfoque grande no trabalho multidisciplinar nesses casos.
Como a terapia breve pode ajudar uma pessoa com Diabetes?
Terapia breve trabalha com uma direção…Não é preciso saber o caminho, mas é importante se ter um rumo. Assim como na vida com Diabetes.
Cada cliente é único, com uma história de vida, com uma dinâmica familiar, que irá influenciar na maneira com que ele vai viver sua vida com Diabetes. Abrir espaço para o indivíduo falar como o Diabetes pode ser um problema pra ele, é importante.
Na terapia breve falamos muito sobre uma terapia sob medida para cada cliente. No contexto do Diabetes, isso é muito contemplado pois o Diabetes representa uma experiência única para cada indivíduo que convive com ele.
Na terapia breve trabalhamos com ferramentas voltados para mudança e com um foco no problema a ser trabalhado com o cliente. Diabetes requer foco, mudanças, utilização dos recursos internos do cliente para lidar com a nova realidade.
O Processo de mudança é pautado na promoção da esperança pois ninguém muda sob uma conotando negativa. É comum familiares, profissionais de saúde na tentativa de motivar a pessoa, falar sobre as possíveis complicações que o Diabetes pode trazer, e essa atitude não gera motivação. A forma de abordar a pessoa com Diabetes é extremamente importante. O uso de uma abordagem afetiva em que a pessoa perceba que vale a pena se esforçar nos seus cuidados, pois com manejo adequado, se pode viver uma vida longa e saudável com Diabetes.
Na terapia breve, partimos do pressuposto de que todo mundo que chega para a terapia tem um dor emocional, e que toda dor é urgente. O Diabetes demanda cuidados diários que são influenciados pela forma que o cliente lida com a sua condição. A urgência de desenvolver habilidades de enfrentamento para com o Diabetes perpassa pela necessidade de cuidar da saúde física. Mudanças internas provocam mudanças externas. Auxílio no processo de adaptação psicológica da nova realidade, potencializando a pessoa a se tornar mais ativa no cuidado com a sua condição, favorecendo o enfrentamento de forma mais otimista, conquistando mais saúde física, mental e maior qualidade de vida.
O diabetes requer envolvimento e apoio. Necessidade de se ter uma rede de apoio multidisciplinar e familiar. A motivação para checar a glicemia e a realização dos outros diversos comportamentos de autocuidado é influenciada pelo apoio e reconhecimento do esforço pelos familiares.
É de suma importância trabalharmos e promovermos o conceito de esperança com os pacientes que possuem Diabetes. Ajudar o cliente a buscar recursos para ele se empoderar- se no seu tratamento, trabalhando o conceito de saúde para esse indivíduo. Você não é o seu Diabetes.
Segundo a OMS ter saúde não significa ausência de doença. O conceito é definido como um estado completo de bem-estar físico, mental e social.
Na terapia breve, o Terapeuta é ativo, que constrói junto. É um encontro de 2 especialistas, a pessoa com diabetes é especialista em si mesmo e na sua condição.
A terapia breve visa uma melhora autônoma do cliente. A pessoa com autonomia sobre a mudança, para se tornar-se responsável por sua própria vida e se autoresponsabilizar pelo seu tratamento.
Alguns aspectos psicológicos do Diabetes para contextualização:
Prevalência de Depressão é de 2 a 3 vezes maior do que na população geral.
Prevalência de transtornos alimentares é de 2 a 3 vezes maior em mulheres que tem diabetes. Sofrimento específico do viver e gerenciar uma condição crônica exigente, o diabetes distress.
Referencias bibliográficas:
– IDF DIABETES ATLAS 9ª edition 2019
– Denham, S. A., Manoogian, M. M., & Schuster, L. (2007). Managing family support and dietary routines: Type 2 diabetes in rural Appalachian families. Families, Systems, & Health, 25(1), 36–52.
www.diabetes.org.br
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