MITOS CONJUGAIS (PARTE I)

MITOS CONJUGAIS (PARTE I)

 

Mito “é uma representação fantasiosa, espontaneamente delineada pelo mecanismo mental do homem, a fim de dar uma interpretação e uma explicação aos fenômenos da natureza e da vida”.

O relacionamento conjugal, ainda hoje, é um campo fértil para perpetuar muitos mitos. Embasada no livro “Mitos Conjugais” de  Arnald Lazarus (1992), apresentarei alguns que continuam a ecoar nos ouvidos dos casais contemporâneos.

Mito 1: “Marido e esposa são os melhores amigos”

Marido é marido, esposa é esposa. É necessário que sejam amigos, mas a relação é diferente. No casamento ou namoro, compartilha-se a vida “intimamente” enquanto na amizade compartilha-se “intimidades”. É necessário para o sistema conjugal, que se garanta certas fronteiras e que cada um possa ter sua individualidade.

Mito 2: “O romantismo do casal faz um bom matrimônio”

 

É natural que a rotina e os problemas diários tendam a diminuir esse romantismo, o que não significa que o amor tenha acabado. Esperar do casamento uma realização dos sonhos românticos é ilusão.

Mito 3: “Uma relação extraconjugal destrói o casamento”

 

A traição pode ocorrer por inúmeros motivos. Dificuldades no casamento, por problemas que cada um dos cônjuges vive particularmente, por questões como curiosidade ou um encontro inesperado que acontece na vida de um dos cônjuges. Além disso, em várias situações o casamento é perfeito e apenas a incompatibilidade sexual é o problema. Em alguns casos a relação extraconjugal poderá até apimentar a relação do casal. Então, uma relação extraconjugal não é necessariamente sinônimo de casamento ruim ou final de casamento.

Mito 4: “Quando se sentir culpado confesse”

 

Nem toda informação pode ser compartilhada com o cônjuge. Algumas vezes trata-se apenas de um pequeno erro, mas que a outra pessoa não está em condições de compreender e perdoar. É melhor tentar se redimir e confessar a um amigo (a).

Mito 5: “O marido e a esposa devem fazer tudo juntos”

 

Imaginem que coisa difícil. São duas pessoas diferentes, com gostos e preferências diferentes; nesta visão, um vai ter que sempre suportar participar de coisas que odeia só para estar junto ao cônjuge. Isso cria no casamento um sentimento de prisão.

Mito 6: “Temos que lutar para salvar o casamento”:

 

Casamento é para ser construído e não salvo. Requer companheirismo,  metas comuns e respeito. Mas, além disso, é preciso haver amor, atração, carinho e compreensão. Sem isso o sacrifício de uma vida para manter a relação não vale à pena.

Mito 7: “Num bom relacionamento, um tem confiança total no outro”:

 

O casamento tem por base uma insegurança fundamental. A confiança total na fidelidade, na lealdade, ou na devoção do outro pode desqualificá-lo quanto pessoa. Todo ser humano é sujeito a falhas, portanto muita segurança produz uma sutil falta de valorização do outro.

Mito 8-“Você deve fazer o outro feliz no casamento”

 

Ninguém é responsável pela felicidade do outro. Cada um é responsável por sua própria felicidade ou infelicidade. Porém, ter prazer em fazer o outro feliz é diferente. É algo genuíno, escolhido e não imposto.

Mito 9: “Num bom relacionamento, esposo e esposa podem descarregar tudo no outro”

A espontaneidade para compartilhar sentimentos, a franqueza, a informalidade são essenciais em uma relação. Porém, educação e saber ter limites é também um item importante. Agredir e descontar seus problemas nos outros não é justo nem aceitável.

Mito 10: “Os bons marido consertam tudo em casa e as boas esposas fazem a limpeza”:

 

Embora seja um mito em constante combate, ainda permeia a fantasia de muitos casais. Esperar que haja uma rigidez na divisão de papéis, cria expectativas irrealistas e frustrações. Principalmente no mundo contemporâneo, onde as questões de gênero são cada vez mais questionadas e felizmente flexibilizadas.

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Maria Teresa Soares Eutrópio
teresa@abrangente.psc.br

Psicoterapeuta há 32 anos pela UFMG. Formação em Psicoterapia Breve e Psicoterapia Familiar Sistêmica. Especialista em Psicologia Clínica e mestre em Psicoterapia e Hipnose Ericksoniana. Autora do livro: “Construindo Metáforas e Histórias Terapêuticas”.

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