09 maio CASAL EM CRISE: divórcio ou reconciliação?
A crise é algo muito comum nos relacionamentos. Em certo momento da relação, o casamento pode cair na rotina. Isso acontece devido aos diversos motivos que afetam a relação do casal.
“Estamos juntos, nos conhecemos profundamente, nos amamos, mas, de repente, só enxergamos o negativo da relação”. Aquele encantamento inicial cai por terra. Nesse momento muitos casais pensam em desistir e em se separar. E qual será o preço de uma separação? Nem sempre isto é avaliado, e muitas vezes decisões precipitadas são tomadas.
De início um relacionamento é feito pela admiração, você se encanta tanto, que é possível se apaixonar e acreditar que aquela pessoa é a ideal para seguir com você por toda vida! São duas pessoas levando para relação seus princípios, valores, crenças, problemas, experiências questões pessoais, visão de mundo, opiniões, passado, hábitos, traumas, influências da família, escola, amigos, sonhos e outros fatores. São essas “bagagens diferentes” que geram a maior parte do problema, promovendo conflitos entre si.
Portanto, conhecer a outra pessoa e saber como ela é de verdade é fundamental para compreender o porquê destes e daqueles comportamentos. E mais: conhecer e entender a si mesmo é igualmente essencial, pois isso lhe ajudará a desenvolver maneiras de lidar com suas próprias situações e assim resolver as diferenças e conflitos. No primeiro momento existe o processo natural da conquista, a satisfação, demonstrar uma boa impressão de si mesmo ao outro, colocar a melhor roupa, usar o melhor perfume, total cuidado com a higiene, medir as palavras, sair para jantar em um restaurante aconchegante, os olhares são de encantamento e admiração um pelo outro, sobram elogios para o cabelo, a roupa, os dois aproveitam aquele momento ao máximo, são parceiros, negociam tudo, paga-se as contas sem reclamação, os dois estão felizes! Tudo é envolvido por romantismo!
Quando a crise instala-se, o cenário é outro! O jantar já é na mesa da cozinha, sem muitos enfeites, encantamento. Ele comenta algo sobre a comida, os dois ou um só pensa apenas em trabalhos, os passeios e os encontros vão se reduzindo, você percebe que ele faz um barulho irritante com a boca quando mastiga, ele deixa a toalha sobre a cama, ele não ajuda com a louça, ela já não dorme bonita como antes, ela já não tem paciência comigo, ela não tem mais carinho por mim. Acontecem afrontas verbais, farra, adultério, bebida, humilhação, mentira. O que era belo já não existe mais, só existem cobranças de ambos. “Como pude me casar com ela(ele)!”
A felicidade está por um fio, muitas brigas, irritam-se facilmente um com o outro, pouco diálogo ou nenhum, o sexo já não acontece, as vezes dormem em quartos separados, ou dormem em horários diferentes, muitas magoas, ofensas, são agora dois estranhos morando na mesma casa. É melhor se separar não tem jeito!
Como foi que a relação se perdeu? Onde está o encantamento da relação?
Se o casal tem filhos ai que a situação se complica. O casal começa a brigar perto dos filhos, ficam estressados com as responsabilidades e obrigações de ambos. As cobranças são muitas!
“Ele não me ajuda com os filhos!”
“Eu cuido de tudo sozinha!”
“Ela está muito nervosa!”
“Vou sair com os meus amigos!”
“Eu não quero nem saber dele!”
E assim, vão guardando raiva, vão se afastando. Fazem pirraças, dão o troco, não conseguem falar o que sentem, desprezam um ao outro, e não enxergam o caminho a frente. A relação está fora do controle. Não estão lado a lado. Vivendo apenas de aparências já não saem juntos e quando vão, se irritam com o ambiente, demonstrando desinteresse. Muitas culpas e acusações entre ambos.
Algumas perguntas podem ajudar em momentos de crise:
Você quer mudar algo para melhorar a sua relação?
Qual é a responsabilidade de ambos em relação ao casamento e à crise atual?
Estou focado (a) no que eu estou fazendo de errado, ou só culpando o outro?
Qual desejo pede o coração? Reconciliação ou Separação?
Qual é a sua melhor escolha?
Quais as conseqüências de uma escolha ou outra?
Às vezes, tanto o homem quanto a mulher podem estar certos, mas a forma de resolver o problema no casamento os torna errados. O primeiro ponto, a saber, é que toda crise pode passar se for bem analisada e não fomentada. Geralmente, sugiro aos casais que atendo o seguinte: busquem os momentos e situações agradáveis que tiveram, lembrem-se dos momentos em que conseguiram chegar a um consenso, foquem no positivo da relação que vocês ainda tem. E caso queiram continuar juntos, busquem compreender os padrões de interação que estão problemáticos e como seriam se estivessem solucionados!
Casamentos felizes dão trabalho e não acontecem por acaso. Quando você vê um casal que está junto por muitos anos e vivendo bem, saiba que aquele casamento não é fruto da sorte. Não é porque “foram feitos um para o outro” nem porque “combinam bem”. Se olharmos mais de perto, vamos verificar que aquele casal trabalha constantemente na manutenção do casamento.
Infelizmente muitos casais se dão por conquistados no dia do casamento. Agem como se o esforço da conquista a outra pessoa tivesse acabado quando partiram para a lua de mel. Pronto, casamos! Fato consumado!
Muitas vezes o casal endurece seu coração por autodefesa, teimosia, mágoa e o casamento vai se diluindo, pelas palavras duras escutadas, traição, mentira. Se seu cônjuge está realmente determinado a lhe ferir e você vê que não há mais por que lutar por este casamento, então saia dele de uma vez por todas. Mas saia de verdade e em paz.
Viver feliz no casamento é uma arte! É saber resolver os problemas, mudar a situação, não é lutar contra a outra pessoa. O bom casamento envolve perdoar, tratar o outro como também quer ser tratado, ter paciência. A força do relacionamento está na união do casal e não na oposição de um em relação ao outro.
A felicidade dos casamentos se deve em grande parte das decisões tomadas nos momentos de crise. Ser casado significa abdicar de certas coisas em prol de um objetivo comum. Deve se entender a necessidade do outro. Criar um ambiente saudável com diálogos sem julgamentos, saber lidar com o racional e o emocional. É identificar os maus hábitos, aquilo que não funciona e eliminá-los do nosso comportamento, desenvolvendo novos e melhores hábitos imprescindíveis para a mudança. E principalmente não idealizar os felizes para sempre e a imutabilidade das relações. Nas terapias de casais que realizo enfatizo que a única coisa constante em nossa vida é a mudança, portanto, é importante o casal saber que é natural que tenham mudado do início da relação até o momento em que se encontram.
E é justamente a abertura para o novo que poderá apresentar as soluções para a crise enfrentada.
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