DEDUÇÕES: As pessoas se afastam porque deduzem mais do que dialogam

DEDUÇÕES: As pessoas se afastam porque deduzem mais do que dialogam

Deduzir, perguntar, explicar, dialogar… Por que ainda temos tanta dificuldade em relação a falar, expor nossas dúvidas, medos e opiniões? Por que preferimos deduzir ao invés de dialogar ou checar nossas percepções?

 

Muitos podem ser os motivos, mas na maioria das vezes estão associados a aprendizados e mitos familiares a respeito do ato de conversar sobre problemas ou dificuldades nas relações. E em função disto vamos carregando esses aprendizados, por vezes não explícitos, ao longo das gerações familiares.

Recentemente, conversando com uma amiga, cujo filho havia vindo visita-la, perguntei: “até quando ele ficará aqui em BH?” Ela respondeu: “não sei e não vou perguntar, ele se quiser me falará“. Nossa! Me senti a intrometida, mas queria apenas saber por saber mesmo (risos).

Mas a partir daí engatamos uma conversa sobre porquê ela não poderia perguntar a ele. E aí então, surgiram as famosas deduções. Ela imaginava que se perguntasse ao filho ele poderia sentir-se ofendido e pensar que ela não queria que ele ficasse muito tempo. Vixi! Quantas deduções e leitura de mente. Dedução sobre o que o outro pode deduzir é praticamente querer ter uma bola de cristal. A partir dessa conversa fomos descobrindo que ela aprendeu que perguntar pode gerar conflitos, embates ou desavenças. E que deveria evitar ao máximo que o outro ficasse chateado com ela.

Pra tornar a coisa ainda mais complexa: geralmente quem tende a deduzir sobre o outro, esperará que o outro também deduza sobre o que ele pensa ou sente.

E aí pronto, confusão geral e muitas vezes afastamento. Afastamento não só em função de brigas ou desentendimentos, mas, afastamento de cada pessoa de si mesma, afastamento de poder expressar o que pensa, vê e sente. E quanto mais estamos afastados de nós, mais distantes e superficiais se tornam nossas relações.

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Maria Teresa Soares Eutrópio
teresa@abrangente.psc.br

Psicoterapeuta há 32 anos pela UFMG. Formação em Psicoterapia Breve e Psicoterapia Familiar Sistêmica. Especialista em Psicologia Clínica e mestre em Psicoterapia e Hipnose Ericksoniana. Autora do livro: “Construindo Metáforas e Histórias Terapêuticas”.

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