Por fora filó filó, por dentro mulambo só!

Por fora filó filó, por dentro mulambo só!

 

Numa sociedade em que “imagem é tudo”, o consumo surge como solução para nos aproximar do ideal que nos é apresentado – pelo menos por fora. O que não somos, podemos dar um jeito de ter. Mais bonitos? Roupas e produtos de beleza aos montes. Mais rápidos? Um carro – de preferência novo! Mais acessíveis e eficientes? Um celular top de linha se faz indispensável… E na mesma velocidade que consumimos, aquilo que até então nos servia tão bem perde completamente a graça. Assim, de repente, nosso armário, nossa casa, nossa vida vão se enchendo de mulambos que pareciam ser filó.
O consumismo muitas vezes é associado a roupas e acessórios – e, consequentemente, às mulheres – mas é algo que atinge a maioria das pessoas. Você já parou pra pensar em quanta coisa consumimos em excesso? Muitas vezes, já no contrato inicial, somos induzidos a trocar o celular que ainda funciona bem pelo último modelo, ou a ter um pacote de TV a cabo com mais canais do que conseguimos (ou queremos) assistir. O refrigerante e a porção de batatas crescem por apenas R$1 – acabamos comendo mais para aproveitar a promoção. Prestações baixas e a facilidade de ‘jogar no cartão’ nos fazem comprar primeiro e pensar depois.
Afinal, ao comprar, estou escolhendo o que quero ou o que a sociedade escolheu para mim? A sensação de satisfação não vem da peça em si, mas do que vivemos com ela ou do que vivemos ao comprá-la. Essa promessa de felicidade nos faz esquecer aspectos importantes, como a real necessidade que temos daquele objeto e o peso que essa compra vai ter no nosso orçamento.
Ao consumir, é importante se perguntar: o que estou colocando pra dentro da minha vida? Que preço – e que valor – isso tem para mim? E, por que não, qual o custo social que aquilo tem? Uma voltinha a mais no shopping ou uma pesquisa mais atenta nos sites podem nos dar o tempo que precisamos para refletir antes de consumir, evitando aqueles impulsos irresistíveis… Isso pode se transformar em um bom exercício de autoconhecimento e de autocuidado – cuidar de colocar pra dentro somente o que nós consideramos filó. Consumir de forma consciente nos faz comprar menos e melhor, escolhendo somente o que tem real sintonia com nossos gostos, desejos e necessidades.
Caiu nessa armadilha e consumiu demais? Não precisa se condenar a ficar com o que não quer só porque já comprou. Fazer circular é uma ótima opção para dar nova vida a esses objetos. Doe para aquela instituição que sempre promove bazares para arrecadar fundos ou faça você mesmo um bazar entre amigos, revenda nos bazares on-line, sites de desapego, brechós de roupas infantis, doe para iniciativas como Street Store, Feira da Gratidão, Varal Solidário – são muitas as opções que ajudam a dar um novo destino ao que já não faz mais sentido em nossas vidas.
Quer consumir de um jeito mais consciente? Considere as alternativas acima também na hora de comprar. Aproveite e resgate a conexão com o produzir também. Usar nossos talentos para produzir algo único e carregado de carinho, ou comprar algo diretamente do produtor e ver em seu rosto a alegria de ter seu produto bem recebido dão um valor realmente especial ao consumo!

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Lilian Garate Castagnet
lilian@abrangente.psc.br

Psicoterapeuta bilíngue Espanhol-Português. Há 22 anos, atua nas áreas clinica e hospitalar, com experiência de intervenção em situações de crise, traumas e emergências. Terapeuta do programa “Sem Medo de Falar Novos Idiomas”.

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