IRRITAÇÃO: como ela nasce? O que fazer com ela?

A resposta certamente é:  inúmeras vezes,  já que a irritação é natural e faz parte das nossas vidas.

Se observarmos, é muito comum vermos pessoas irritadas no trânsito, nos congestionamentos, nos shows, atrasados, nas filas de supermercados, enfim, são inúmeras as situações nas quais nos deparamos com a irritação.

Mas essa irritação, vem de onde? Muitos dizem que o outro ou alguma coisa é que os irrita, mas será que ela vem de fora mesmo?  Na verdade, não! Na verdade ela é interna, nós é que nos irritamos. Os pensamentos que temos em relação aos fatos é que são os causadores da irritação.

Quando vivenciamos uma situação e nela temos pensamentos que nos remetem à frustração, quando não acontece o que estávamos esperando, quando nos sentimos impotentes ou nos consideramos injustiçados, geralmente a irritação nos acomete.

A irritação tem a função básica de nos mostrar que algo está errado, para a partir daí agirmos, fugindo ou enfrentando o problema. É um alerta para buscarmos o mais adequado e correto para nós mesmos.

O fato é que muitas vezes, quando irritados, temos reações equivocadas e desproporcionais aos acontecimentos, isso porque além de termos julgamentos já estabelecidos sobre várias situações, nos enchemos de outros pensamentos, que acumulados, nos levam as reações exageradas.

Um exemplo clássico de irritação é quando você está em uma fila enorme, esperando sua vez e alguém chega e entra na frente. O seu julgamento em relação ao fato é de que está errado, o justo é que o outro enfrente a fila como você. Se a isso, você acrescenta outros pensamentos, resgata pensamentos de situações ruins vividas anteriormente e a isso ainda é somado um estado físico de cansaço e estresse, como será sua reação?

Existe uma metáfora da irritação que considero muito coerente e interessante. É a da irritação vista como uma fogueira em chamas. Muitas pessoas, inclusive, dizem que a irritação é algo enorme dentro de si mesmos, que incomoda muito, como algo ardendo ou prestes a explodir. E o que fazer com essa fogueira acesa? Temos várias escolhas: mantê-la acesa e colocar mais lenha, deixar que apague naturalmente, tirar lenha para que apague mais rápido, jogar água etc.

O fogo para existir demanda combustão (material inflamável + oxigênio + calor). Se pensarmos assim, tirando um dos elementos, não haverá mais fogo. Mas como fazer isso? Existem algumas coisas que podem ser feitas para amenizar e até mesmo extinguir a irritação:

1. Ter a ciência do que nos irrita, sabendo, é possível evitar ou já se preparar buscando alternativas mais assertivas como: pensar em outras possibilidades e que equívocos e distrações também acontecem.

2. Quando possível, sair de perto do acontecimento e buscar distração também poderá ajudar. Se não colocar mais lenha, o fogo uma hora vai acabar.

3. Técnicas de respiração são excelentes. Trazem tranquilidade e consequente maior clareza sobre a situação e suas possíveis formas de agir.

4. Práticas frequentes como atividade física, meditação, acupuntura e contato com natureza também colaboram para a redução da irritação tanto em intensidade quanto frequência.

5. Fazer uma análise das situações em que se irritou. A freqüência, os fatos, o contexto, que tipo de pensamento teve, enfim, analisar para encontrar o ponto a ser mudado.

Agir frente ao problema de forma mais consciente e não impulsiva, além de gerar um comportamento mais assertivo, elimina a irritação mais rapidamente, ou seja, não há incentivo para que a fogueira continue acesa.

É importante ressaltar que a irritação como algo interno à pessoa, é muito variável, depende dos pensamentos de cada um e da forma como cada um aprendeu e consegue lidar com as situações, logo, o que muitas vezes irrita alguns, não irritará outros.

Muito relevante sobre a irritação é observar sua frequência, intensidade e duração. Uma coisa é a irritação por fatos específicos e outra é por várias coisas distintas. Uma fogueira em chamas constantemente, além do enorme desgaste emocional e social, indica que algo não está bem. Se você com muita freqüência acender sua fogueira, pare, observe e pense que, provavelmente, o principal elemento gerador da combustão esta dentro de você, de como enxerga e interpreta  as situações do cotidiano. E nessas horas, aceitar o fato de que precisa mudar e buscar uma ajuda profissional será fundamental.